sábado, 17 de maio de 2008

Síndroma de Down - rastreio, escrito por Dr. Mário Pires

A Síndroma de Down é causada por uma alteração no cariótipo do bebé, o qual possui 47 cromossomas, devido a uma cópia extra do cromossoma 21. Em 95% dos casos esta mutação tem origem durante a formação dos gâmetas. Ocorre a não-disjunção do par (de cromossomas) 21, e obtém-se assim um gâmeta com 24 e outro com 22 cromossomas. 90% das vezes, o gâmeta envolvido é o oócito. Se este oócito anormal (com 24 cromossomas) for fecundado por um espermatozóide normal, o ovo resultante possuirá um total de 47 cromossomas e 3 cópias do 21, ou seja trissomia 21. 3 a 4% dos casos de Síndroma de Down ocorrem devido a uma mutação denominada translocação robertsoniana. Nestes casos durante a gametogénse há um rearranjo genético entre os cromossomas 14 (mais frequentemente) e 21, de forma a que o cromossoma 14 fique com material extra do 21. Assim, após a fecundação o número total de cromossomas é normal (46), mas temos material cromossómico 21 em triplicado.

Os restante casos de Trissoma 21 são originados por erros de divisão após a fecundação. Daqui resultam mosaicos, indivíduos que possuem uma mistura de linhagens celulares, umas com Trissomia 21, outras normais. Nestes casos, a percentagem relativa de células com Trissomia, determina a gravidade da Síndroma.

Factores risco


O único factor de risco bem documentado é a Idade materna avançada, À medida que a mulher envelhece, aumenta a probabilidade dos seu óvulos sofrerem alterações cromossómicas na divisão. A probabilidade de aos 35 anos ter um filho com Down é de 1/385, aos 40 de 1/160 e aos 45 de 1/30. No entanto a maioria das crianças com Síndroma de Down nasce de mulheres com menos de 35 anos, pois este é um grupo muito mais fértil.

No caso de existir um filho anterior com Síndroma de Down, existe uma probabilidade de 1% de voltar a ter um filho com esta condição.

Diagnóstico pré-natal


Actualmente é possível fazer o diagnóstico pré-natal desta condição. São usadas várias técnicas (rastreio bioquímico, rastreio ecográfico, amniocentese, biopsia das vilosidades coriónicas), no entanto apenas a amniocentese e biopsia das vilosidades nos fornecem um verdadeiro diagnóstico, as outras técnicas simplesmente dão probabilidades.


O rastreio ecográfico e bioquímico são geralmente feitos entre as 11 e as 14 semanas de gestação. Na ecografia, a nuca do feto é analisada (é medida a sua translucência aos ultrasons). Actualmente esta medida é combinada com os resultados do rastreio bioquímico, no qual são quantificadas várias substâncias (PAPP-A, β-HCG,... ) no sangue materno, e outros factores como idade, peso, raça, hábitos tabágicos maternos e idade gestacional. A análise matemática destes parâmetros fornece um valor de risco de o bebé sofrer de Trissomia 21.

Se os testes de rastreio forem considerados positivos, risco superior a 1/300 ou 1/400 (dependendo do método usado), pode-se recorrer à amniocentese ou à biopsia das vilosidades, para verificar se existe ou não Trissomia 21 (cerca de uma em 20 grávidas têm um teste de rastreio positivo, número bem superior ao de bebés com Trissomia 21)

Na amniocentese, é obtida uma amostra de liquido amniótico (o útero é puncionado com uma agulha, através da parece abdominal), que é usada para estudar o cariótipo fetal. Este exame implica um risco de aborto de 1/200. Na biópsia das vilosidades coriónicas, são obtidas células da placenta, que são igualmente usadas para estudar o cariótipo fetal. Mais uma vez, este procedimento implica risco de aborto (1/100). Estes exames invasivos têm uma exactidão entre 98 e 99%.

Quem deve fazer?

Tradicionalmente o diagnóstico pré-natal era efectuado consoante a a idade da mulher. A amniocentese era oferecida às mulheres com mais de 35 anos. Actualmente, com o fácil acesso aos métodos de rastreio analítico e ecográfico, a maioria das mulheres realizam um, ou ambos, destes testes de rastreio.

Dr. Mário Pires

15/05/2008

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